A Região Metropolitana de Salvador passará a contar, a partir do próximo dia 1º de julho, com o aplicativo Fogo Cruzado. A plataforma colaborativa, disponibilizada no Rio de Janeiro desde 2016, registra dados e informações sobre tiroteios e violência por arma de fogo.
Desenvolvido pelo Instituto Fogo Cruzado, a tecnologia busca não apenas alerta a população sobre os disparos, mas também produzir dados e análises acerca da segurança pública.
De acordo com a instituição, dentre as motivações para a vinda à Bahia, estão a de que o estado é o que mais tem registros de homicídios na região Nordeste, apresenta pouca transparência nos dados públicos, há pouca diversidade de informação e uma alta taxa de homicídios por arma de fogo.
Além disso, as mortes em ações policiais em território baiano representam quase 20%, a maior parte da população é negra e, consequentemente, apresenta situações notórias de sofrimento com o racismo institucional.
É também da Bahia o título de segundo estado com maior número de facções: oito organizações criminosas atuam aqui. Apenas o Rio Grande do Sul, com 13, tem um quantitativo maior.
Segundo o Instituto Fogo Cruzado, a relação territorial com tráfico internacional de armas e drogas é outro argumento que justifica a criação de uma versão baiana do aplicativo.
“É importante buscar os dados, mas fazer a leitura e traduzir as informações. Precisamos ter em mente que os governos não vão produzir informações contra si com tanta facilidade. Quando o Fogo Cruzado nasceu não existia informação sobre tiroteios no Rio de Janeiro. Existia de homicídios, tentativas de homicídios, mas os desdobramentos não. Hoje a gente levanta mais de 20 indicadores”, dados estes que vão desde chacinas às balas perdidas, explica Cecília Olliveira, especialista em segurança pública e diretora executiva do Fogo Cruzado. E completa: “a não produção de informação é uma decisão política estratégica. Porque se você não tem a informação, o problema some. Parece que não existe”.