Câmeras de segurança da alfândega no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, mostram o momento exato em que o sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva, tentou reaver um conjunto de joias, presenteadas pelo governo da Arábia Saudita à então primeira-dama Michelle Bolsonaro, que haviam sido apreendidas pela Receita Federal. As imagens foram divulgadas pelo blog da colunista Andreia Sadi.
Antes do militar, o então ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, também tentou recuperar as pedras preciosas, mas não teve sucesso e elas continuaram presas na alfândega da Receita. Por isso, no dia 28 de dezembro de 2022, o sargento foi enviado pelo gabinete de Bolsonaro até o Aeroporto de Guarulhos, com o intuito de tentar mais uma vez reaver as peças, mas não conseguiu.
Nas imagens, o sargento Jairo tentou convencer o auditor a liberar as joias mostrando um ofício emitido pelo tenente-coronel Mauro Cid, conhecido como “braço-direito” de Bolsonaro, para o então chefe da Receita Federal, Julio Cesar Vieira Gomes.
Além disso, Jairo ligou para o tenente-coronel e tentou passar o telefone para o auditor no intuito de convencer ele com as palavras de Cid, mas o funcionário negou o pedido. “Coronel, eu to aqui na alfândega aqui já. Estou falando com o supervisor deles aqui. Quer falar com ele? Ele falou que não está ciente aqui do que se trata. Posso passar aqui para ele?”, questionou. Mas o auditor fez o sinal de negativo com o dedo e disse que não poderia falar no celular.
O funcionário afirmou que para as pedras preciosas serem liberadas, os interessados deveriam seguir o mesmo procedimento que as demais pessoas, e que para retirar itens apreendidos pela Receita seria necessário um Ato de Destinação de Mercadoria (ADM). Em resposta, Jairo alegou que não tinha tempo e que o caso era de “urgência”.
Na sequência, o sargento afirmou que as peças precisavam ser retiradas por conta de um passo burocrático relacionado à transição da gestão de Bolsonaro para a de Lula, mas o argumento também não convenceu o auditor, o que tornou esta mais uma das tentativas falhas do ex-presidente de reaver as joias sauditas.
“A questão é a seguinte. Independente de eu ter, de onde esteja, tem que ter o ato de destinação de mercadoria porque é uma incorporação. Não tendo, não teria nem como liberar. Nem eu pudesse, não teria como liberar. Não estou sabendo”, afirmou o funcionário.